terça-feira, 18 de março de 2008

O vício dos ausentes

Eles nunca se viram e provavelmente nunca irão. Já se passaram cinco anos desde que souberam a existência um do outro e não mais tiveram contato, mas nunca se esqueceram. Inventaram cada um uma personalidade para o outro e transformaram este naquilo que desejavam que fosse. Pensaram algumas vezes em se encontrarem, mas como conseguir encontrar alguém que você criou? Ou como não se decepcionar que o outro não fosse exatamente como o imaginado?
Preferiram perder o contato, deixar os cabos desconectarem. Eles ainda se lembram de todos os momentos que estiveram juntos, de todas as conversas, dos sonhos que tiveram, porém era uma lembrança de algo que nunca existiu. Não existem fotos, filmes, sensações reais, mas ainda sim o cheiro daqueles dias ainda é tão verdadeiro que podem sentir só de fecharem os olhos.
Não houve entre eles mais que algumas palavras, mas ainda estão presos nos lugarem em que tantas vezes se visitaram. A nostalgia de todas as suas quimeras. De tanto se imaginarem, muitas vezes duvidam que o outro seja real, que possa existir alguma coisa além daquelas lembranças construídas em volta de tão pouco.
Continuam no pólo errado e ainda se vêem em seus sonhos.

3 comentários:

Roberta disse...

Über's Eis in Richtung Nordpol dort werde ich dich erwarten. Der Polarstern direkt über mir, das ist der Pol ich warte hier, nur dich kann ich weit und breit noch nirgends kommen sehen. Ich warte am falschen Pol. Wir haben uns im Traum verpasst.

x.x

Watching the lights go down
Letting the cables sleep

Luis disse...

É a tendência estúpida do espírito, de muitas vezes transformar memórias de alegrias em uma felicidade, cheia de uma nostalgiazinha melancólica.

Coisas que muitas vezes foram só algo divertido quando aconteceram, coisas simples, que não tinham nada de sentimental ou poético, virarem uma felicidade poética, coberta de musiquinha triste.

Tendência estúpida da imaginação, mas pior seria se não fosse assim.

E ainda leio o blog :D
Bem vinda de volta.

Luis disse...

Fui reler o comentário agora, acho que ficou muito agressivo chamar de "tendência estúpida da imaginação" huahuahua.

Tudo bem que às vezes a imaginação agride com as distorções que faz da realidade e das memórias, mas revidar, chamando-a de estúpida soa injusto.