domingo, 29 de março de 2009

E aí? Está esperando o ônibus?

Hoje acordei e senti o cheiro da marca do seu cigarro na minha calcinha. Não sei se foi o cheiro do cigarro ou o ato de cheirar a calcinha... algo aí me fez lembrar de você.
Olhei para o lado e vi 2 copos vazios e uma garrafa de gin no criado mudo, pensei: "Será que você esteve aqui ontem?".. mas sei lá, eu tambem tenho esse habito de beber em 2 copos, e ainda assim, só um deles tinha cheiro de perfume.
Passei pela sala, tudo normal. Abri a geladeira e dei falta de um danoninho... e você sempre adorou essa merda. Alias, isso é uma das poucas coisas que temos em comum.
Me dei conta que a porta estava trancada por dentro, com a correntinha... por mais habeis e longos que seus dedos fossem ainda assim eles nao conseguiriam tal proeza. Nem me dei ao trabalho de olhar pela janela, sei que você tem medo de altura.
Como quem não quer nada comecei a cantarolar qualquer coisa de chitaozinho e xororó, só porque você odeia... e é só quando eu te irrito que vale a pena ter você por perto.
A campainha tocou, pensei "pronto, era você fingido que esqueceu algo, só pra voltar". Abri a porta... era a Thaís do 403, a chamei pra tomar um copo de gin.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Introibo ad altare Dei

Sabia que a última vez que o vi podia ser a última. Mas foi com sinceridade que o abracei e fiquei feliz em vê-lo. Não gosto de despedidas e evitei um último encontro para dizer adeus, o tempo e a distância não trabalhavam a nosso favor. Sempre pensava nele, creio que ainda penso, todos os dias. Dos momentos de conforto que ele me deu, de risadas e até lágrimas que ele me fez chorar, dos ensinamentos e, como ele mesmo um dia disse, da amizade bonita que nasceu entre nós.
Eu gostaria imensamente de poder abracá-lo outra vez, escutar seus conselhos, derramar minhas faltas e chorar minhas confusões; e, por cima de seus óculos, perceber quanta coisa aqueles pálidos olhos azuis sentiam, afinal guardávamos nossas almas como um segredo preso na garganta. Tantas coisas que nunca saberei e todo que ele nunca pode me contar e tudo que eu falei agora estão guardados e lacrados. Foi meu confissor, meu amigo, meu pai, meu irmão, o avô que nunca tive, meu padre e meu pastor. Por cada hóstia levantada e cada passo arrastado até o altar de Deus, "conceidei ó Deus ao que partiu dessa vida a luz que não se apaga".


In memoriam Frei Marino Prim (OFM)

domingo, 8 de março de 2009

Minha última noite em casa

Eu estava com as mãos manchadas do rosto dela, enquanto meu sangue escorria pelas minhas pernas. Fiz minhas malas. Abracei meu gato. Fechei a porta.
Não tinha lugar pra ir. Fiz minha ligação. Me refugiei na casa de uma amiga. Fumei na varanda. Dormi.