quarta-feira, 26 de março de 2008

O rato

Nos últimos dias, tem sido inevitável a minha convivência com um fantasma roedor em minha casa. Não, eu não o vi. Só ouvi falar. Minha irmã afirma ter visto o rato às duas da manhã na sala, debaixo da poltrona vermelha. Essa é a única vez que tivemos provas visuais da existência de simpático bichinho.
Conviver com a possibilidade de um exemplar de roedor no mesmo teto que o seu, pode-se dizer que é o inferno. Ter nojo de todas as comidas e de todas as partes da casa. Pensar que você pisa no mesmo carpete em que ele depositou suas amáveis patinhas. Imaginar que ele esteve deitado na sua cama. Não é possivel, prefiro acreditar que minha cama ele teve o mínimo de simpatia o suficiente para respeitar meu repouso.
Ontem, infelizmente um dos milhares de saquinhos de veneno para rato com macadâmia que estão estrategicamente espalhados pela casa, foi encontrado com um furo. Diz-se que depois de 48 horas de agonia e hemorragia, meu hóspede camundongo irá morrer. Esperarei mais 24 horas. Mas realmente não queria vê-lo morto. Não é que ele tenha feito algo contra mim, mas a existência dele exclui a minha.
Talvez se eu tivesse a oportunidade maravilhosa de ver o animalzinho estaria eu mais feliz com sua provável morte. Mas existe um abismo enorme entre ver e ouvir falar. Talvez se eu tivesse posto meus olhos naquela pelagem cinza, minha relação com o roedor seria diferente. Ver é uma coisa muito mais tátil. Eu poderia sentir as patinhas dele tocando a minha rotina.
Mas como só ouvi falar, ele é praticamente um fantasma, a única presença que eu sinto dele é o medo depositado por sua breve aparição e os inúmeros saquinhos de veneno.

5 comentários:

Ricardo Goulart disse...

"mas a existência dele exclui a minha."

hauahuahaua, mt bom.

Vi loucos por aí olhando a garrafa d'água, que estava dentro da geladeira, de todos os ângulos para ter certeza que o rato não estava na geladeira pra invadir a vossa santíssima água de todo o dia.

Anônimo disse...

Vou cobrar direitos pelas palavras minhas em intertextualidade aí.

Mas esse comentário vai ser um post em anexo com título e sub-título:

Anônimo disse...

"Da Arte de Pregar Peças
ou Quem mexeu no meu rato?

Se quem viu o ameaçador roedor correndo pelos cantos da casa fui eu. Quem garante que ele existiu?

MWUA-HA-HA!"

Roberta disse...

Ter um rato em casa é o cúmulo q faltava nesse apto. Cancele nossa festinha. Tenho mais medo dele do q de fantasma =///
Realmente, ver e saber são duas coisas bem diferentes. Eu já sabia o final d OZ antes de ver, mas qdo vi... Nossa Senhora...
Boa sorte com o rato.
=*

Luis disse...

Isso me lembra as histórias de terror que a Caíssa contou semana passada, umas até que até você já presenciou também.

E tenho que concordar com a Roberta: entre o fantasma de um rato talvez vivo e o fantasma de uma velhinha morta, dou até um abraço na velha morimbunda.

Enquanto o rato deixa um nojo no lugar, quem sabe a velhinha não sabe até fazer um macarrão.