sexta-feira, 30 de novembro de 2007

5 cm/s

Ele era como uma manhã de sexta-feira. Desde o dia em que pegaram o mesmo elevador. Ela nunca quis rejeitar ele, mas foi o que acabou fazendo. Não que ela não tivesse um bom motivo, mas hoje nenhum motivo parece bom o suficiente.
Mas era a vez dela ser rejeitada. Não que o motivo dele não fizesse sentido. Ou não que ela não acreditasse. Ela disse para si mesma que não queria compromisso, jurou que não era um relacionamento e tentou tanto acreditar naquilo. Encheu tanto, tanto a cabeça com as milhões de mentiras que queria desesperadamente acreditar.
Mas a lembrança dele estava ali, na frente dela, esfregando a verdade na sua cara, queria muito mais do que só aquele dia, mas não tinha coragem de assumir. Era a mais covarde das pessoas, porque até para ele negaria.
Talvez de tanto negar pudesse só por um dia acreditar que não era saudade, que realmente não sabia de onde vinha a tristeza cujos dentes podia sentir na sua carne, fingir que não era medo das férias, fingir que não queria, fingir que conseguiu esquecer, fingir que não se importava. Sempre acabava procurando pedaços dele nos lugares mais improváveis, mesmo sabendo que nunca estaria em um lugar desses, que ele nunca viria. Queria esconder que havia esquartejado e espalhado suas lembranças para poder sentir o cheiro da felicidade morta nos cantos que passava. Mas, a segunda-feira eminente não a deixava mentir.
Ele não saberia nada disso. Porque do lado dele, tudo o que ela fazia era sorrir.
Dessa vez, ao menos, ela iria se despedir sorrindo.

2 comentários:

Roberta disse...

Ha mt tempo q n me sinto como uma manhã de sexta-feira.
E ele devia saber.

"You´ll be there as soon as I can but I´m bussy mending broken pieces of the life I had before"

MUNDO INSONE disse...

pq negar do que realmente gostamoss? ahhh medo de ser feliz ou a complexidade que criamos de algo simples...