domingo, 19 de abril de 2009

Oluwa wo ran mi ni lowo

Tenho uma certa saudade do meu país. E toda vez que vou à África ela acontece. A 500 metros do solo, já sei que vou encontrar tanto verde, calor, ruas de terra batida sem asfalto, casas que se assemelham com as favelas e aquela gente negra e simpática. Os aeroportos na maioria das vezes são muito mal desenvolvidos, parecem com a rodoviária internacional do Rio de Janeiro a.k.a Galeão. A África faz me sentir no Brasil. Afinal, não estamos tão longe, antes das léguas marítimas nos separarem estávamos bem ao lado. Depois veio a escravidão. E o Brasil tem muita raíz africana.
O que mais me encanta é o povo. Há vida na África. A última vez que estive na Europa, num sábado de sol com um lindo céu azul na Alemanha, não se via ninguém na rua. Os poucos que andam, parecem tristes e amargurados, ou sentam pra ver a vida passar. Na África, onde há tanta corrupcão, pobreza, malária e hiv em altos índices, encontra-se um povo sorridente, alegre, receptivo ao estrangeiro e um sorriso onde não se vê falsidade como nos sorrisos murchos europeus. O sorriso do africano é contagiante, a gentileza do povo me deixa pasma, nunca em hotel algum carregaram minha mala até meu quarto - e fizeram isso para todos nossos colegas - e sempre sorrindo. Toda vez que vou à África eu esqueco todo tormento, me perco e me encontro no verde da natureza, é um lugar onde pensamentos brotam, se transformam e tudo se cura. Há tanta, tanta vida na África. Uma colega negra africana diz que se todo o continente se unisse e formasse um só país, a economia mundial entraria em declínio e eles seriam os donos do mundo. Uma terra onde o que se planta, nasce; ouro e tantas riquezas naturais e um povo que sabe viver e sorrir, sorrir com a alma, em meio a tanta labuta e dificuldade. Acho que isso o brasileiro tem do africano. E essas viagens para a África me trazem essa saudade de casa e toda vez que vou para lá, meu coracão viaja todas essas léguas entre um continente e outro. E se alegra.